Há, certamente, muitas e variadas formas de estudar matemática,
mas associar a poesia à abordagem de um conteúdo tão importante quanto o valor
do 𝝅 pode parecer arriscado.
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Créditos da imagem: Georgina Gervásio |
E se a poesia for «A história infinita do 𝝅», de Manuel António Pina?
A história infinita do 𝝅
Julgando
o fim a chegar,
o 𝝅 deu de começar
a
preocupar-se consigo.
E um dia
fez a bagagem
e partiu
numa viagem
ao fundo
do seu umbigo.
Mas o
umbigo era mais fundo
do que o
umbigo do mundo
e o 𝝅 regressou mais
baralhado
que à partida,
de
cabeça confundida
com
cálculos decimais…
Hoje o 𝝅, já muito velho,
senta os
netos nos joelhos
e
fala-lhes de Alexandria,
da
China, de Chung Zhi,
de
Al-Kashi, de Al-Kwarismi,
da Casa
da Sabedoria.
E dos
milhares de milhão
de casas
onde viveu
na sua
aventurosa existência,
desde o
dia em que nasceu
da
estranha relação
dum
diâmetro e uma circunferência.
MANUEL ANTÓNIO PINA, Pequeno Livro de
Desmatemática. Assírio e Alvim, 2002, pp. 26-27.
E
se, antes disso, os alunos já tiverem conhecimento do texto «O 𝝅», do mesmo autor?
Digamos que está aberto o
caminho para uma atividade prática que permite comprovar o valor do 𝝅.
E foi precisamente isso que
aconteceu na passada semana, na nossa biblioteca escolar, com os alunos do 6.º
ano a descobrirem como chegar ao valor do 𝝅.
Bastou, apenas, seguir as
seguintes etapas:
👉 Medir, com rigor, o perímetro da circunferência:
👉 Medir, com rigor, o diâmetro dessa circunferência;
👉 Dividir o valor do perímetro pelo valor do diâmetro.
E, pronto, estava encontrado o valor do 𝝅: 3,1416….
Obviamente, nem todos os resultados encontrados pelos alunos foram exatos, pois não dispúnhamos de instrumentos de medida rigorosos e precisos, mas todos os valores se aproximaram muito do valor do 𝝅.